terça-feira, 30 de outubro de 2012

Visões inconciliáveis


“O homem que diz que a verdade não existe está pedindo para que você não acredite nele. Portanto, não acredite.”
Roger Scruton

Sempre encontro ex-cristãos, pessoas que alegam terem perdido a fé. Às vezes se dizem ateus, agnósticos, ou simplesmente falam que “largaram a Igreja”. Muito raramente encontro entre estes alguém que apostatou por conta de dúvidas de ordem filosófica mais profunda ou por alguma lacuna encontrada na apologética cristã. Na verdade, buscar muita coisa nesta direção é até uma certa ingenuidade, e pode sinalizar que perdeu-se de vista a dimensão existencial e relacional do problema, algo que apologetas autênticos como Alister McGrath tem procurado resgatar.

E então, o que se vê? Bem, o que sempre se pode ver nestes casos são ressentimentos, frustrações, uma imersão gradual no mundanismo vulgar (baladas, bebedeiras, sexo casual ou nem tanto) e a subsequente batalha perdida, no âmbito moral ou emocional, para se recuperar e voltar ao Caminho. De que as igrejas muitas vezes falham, e grotescamente, não há dúvida. O filistinismo, a subserviência intelectual a postulados seculares, e o despreparo técnico e existencial puro e simples são notórios nos púlpitos, nas lideranças e seminários. A falta de sensibilidade aos fenômenos culturais mais óbvios é assombrosa. Mas não há escapatória: a responsabilidade maior é sempre da pessoa. Conheço muita gente que aturou horrores entre irmãos (reais e falsos), mas soube discernir entre a perfeição das verdades do Evangelho e a falibilidade humana dos crentes. De outro lado, temos alguns com uma abertura sincera, ainda que restrita, e também um grande pelotão com frescurites e presunção de uma superioridade moral e intelectual puramente imaginária e auto-lisonjeira. Identificar os dois casos e dar o tratamento adequado é sempre um desafio. Há polaridades e nuances.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

José Genoino, Valdir Steuernagel e Robinson Cavalcanti - uma foto para a posteridade



A foto acima foi publicada na revista Ultimato em novembro de 1993.

Quando falarem de "Missão Integral", PT, "esquerda evangélica" e sandices afins, e apontarem as alianças espúrias entre essa horda, é bom ter uma certeza: sempre há mais coisas a se investigar.

Aí estão, petistas, o mensaleiro, vermelhos, e claro, mui, mas mui evangélicos, no II Fórum Nacional de Discussão e Entendimento entre Evangélicos e Partidos Progressistas.

Sempre com a cobertura da Ultimato, é claro. Assessoria de imprensa que se preza não perde um evento dos patrões. Tiete que é tiete não perde um aceno de seus ídolos.


(Foto recebida do Pr. Gustavo Abadie, via Facebook.)

domingo, 21 de outubro de 2012

Um totalitarismo hi-tech?


O filósofo francês Louis Lavelle, comentando as descobertas científicas de Max Plank, Werner Heisenberg, Einstein, Louis de Broglie e outros, em meados da década de 30 na revista Le Temps, observava que com os avanços na pesquisa sub-atômica, a nova física que surgia apontava para fenômenos completamente distintos do que até então se conhecia, o que causou muitas surpresas. Lavelle percebia que, mesmo diante de novidades  desconcertantes,  “a ciência provoca no espírito uma espécie de embriaguez”,  parecendo colocar nas mãos do homem parte do poder criador, por ser “uma  arma prodigiosa, cujo valor depende do uso que se fizer dela”. Por este motivo, Lavelle constatava que, por outro lado, tudo isso produzia “certo calafrio mesmo naqueles que mais a admiram e amam”.

Lavelle apontou para questões relativas à imagem que a ciência fazia de si mesma, do próprio mundo material que é seu objeto de investigação, e as implicações de questões como essas para o espírito humano. “A ciência não busca mais nos dar uma imagem das coisas. Ela as transforma e multiplica”.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A nova Geni

O neopentecostalismo e a teologia da prosperidade são a nova Geni. Feitos para apanhar, bons de cuspir. Só num ambiente onde impera a tosquice e a desonestidade intelectual trataria-se o neopentecostalismo como um fenômeno homogêneo, uniforme, desprovido de diferenças gritantes e essenciais entre alguns de seus elementos – no caso, denominações evangélicas – que são abrangidos pelo conceito. E o pior: pessoas que reconhecem, em algum momento, a diversidade do neopentecostalismo, quando o criticam, atacam-no como um todo: “o neopentecostalismo”. Maldita Geni! Não há como perceber que há aí, em muitas situações, uma motivação ilegítima, baseada não só na promoção da denominação que representa, por parte do criticastro, como num sentimento de superioridade intrínseca à tudo aquilo que dela não se aproxime.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O globalismo ocidental e o “espírito crítico”

Já está exaustivamente documentada, e até com uma boa quantidade de confissões, a articulação, em pleno andamento no Ocidente, para criar um governo mundial. Ao se ter contato com as obras de Antony Sutton, Gary Allen e outros autores, sabe-se que o processo já dura mais de um século. Fatos como o apoio financeiro de Wall Street à Revolução Russa e o gordo patrocínio de fundações internacionais como a Ford e a Rockefeller a insanidades como o Fórum Social Mundial e a ONG’s abortistas, gayzistas e feministas raivosas bem evidenciam que os esquemas mentais para interpretar a realidade que a esquerda hegemônica faz prevalecer no ambiente cultural não passam de ferramentas para ocultar o processo todo.

Com poucas exceções, quase tudo do que se entende hoje como “terceiro setor” foi criado justamente para dar legitimidade pública a esse plano. Adornando-se com atuação filantrópica doutrinadora, as ONG’s aliançadas nessa rede disseminam slogans e “significantes vazios”, termos-chave usados justamente para criar demandas públicas, e dar ares de cientificidade, relevância, e nobreza de intenções para táticas específicas de modelagem cultural, social, e, por fim, jurídicas e políticas. Sempre conforme requeira o momento, sob a ótica da estratégia de dominação cultural, como explicou o teórico comunista Ernesto Laclau, inventor do truque manipulatório.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Dois descaminhos



Há padrões de conversa entre cristãos que de tão repetitivos merecem ser analisados. Se algo acontece com muita frequência, certamente é porque as causas que geram o fenômeno estão atuando, e exercem uma influência decisiva e constante. Descrever tais conversas pode ser um exercício capaz de elucidar algo sobre estas causas e dar visibilidade a alguns problemas que podem estar obstruindo o conhecimento da realidade e o cumprimento da missão que Deus delegou à sua Igreja.

Vamos a um exemplo. Um pastor que conheço postou um comentário no Facebook falando da perseguição anticristã nos países islâmicos:

Em nenhum dos cerca de 50 países muçulmanos no mundo há liberdade de culto e de expressão de fato. Nem mesmo na Turquia, que é considerada a mais secular das nações islâmicas, essas liberdades são observadas. Em quase todos esses países as minorias religiosas são perseguidas, com destaque para os cristãos de todas as matizes, que têm sido sistematicamente perseguidos.

Abaixo, eis o primeiro comentário que surgiu: