segunda-feira, 21 de agosto de 2006

P.R.O.P.I.N.A.

Um fenômeno que grassa o ambiente dos debates políticos num país vítima da hegemonia gramsciana é o P.R.O.P.I.N.A.. Não, não falo das safadezas daqueles que de gatos-do-mato no Araguaia passaram a ser os gatunos de smoking de Brasília. Refiro-me ao Plano Revolucionário de Ocultação Político-Ideológica Narcisista e Alienante – P.R.O.P.I.N.A. Tal plano consiste naquilo que vemos os viciados no ópio dos intelectuais praticarem todos os dias: 1- ser um ferrenho esquerdômano e dizer que não é; 2- dizer que não é de direita nem de esquerda, afirmando que estas seriam classificações anacrônicas, mas sem conseguir parar de tagarelar canhotismos um instante sequer.

É óbvio que nestas hordas, há, sim, os que praticam o P.R.O.P.I.N.A. por pura burrice e ingenuidade – os típicos idiotas úteis - aquele povinho de classe média que lê Dan Brown, assiste o canal Futura e enche a boca para dizer que "o comunismo acabou". Porém, os mais perigosos praticantes do P.R.O.P.I.N.A. sabem exatamente o que estão fazendo.

Nos dois grupos que fazem do P.R.O.P.I.N.A. sua cadeira-de-rodas mental, há um aspecto comum e fundamental: ao dizer que não é de esquerda, subentender que nada seria mais correto, moral e lógico do que defender premissas coletivistas como a "justiça social" e a "distribuição de renda". Assim reafirmam o velho maniqueísmo falacioso: solidariedade e sensibilidade aos problemas alheios é monopólio da esquerda e a direita não passa de uma horda de avarentos moralistas. Não é preciso dizer que tais alienadores e alienados nunca leram uma linha sequer escrita por Ludwig von Mises ou Eric Voegelin.

Entre os do segundo tipo, muitos até dizem que odeiam Nietzsche, mas são o retrato vivo da tamanha umbigolatria que se pode chegar o "super-homem" idealizado pelo prussiano raivoso. "Quem tem rótulo é vidro de requeijão", dizem esses que, como Nietzsche pensou, pensam poder estar além e acima do bem e do mal. Mas como são humanos, demasiadamente humanos, é claro que acabam pendendo para um lado. E como todo "último-homem", seguem a boiada que entrou na onda hegemônica.

E lá vem eles, com aquela eloqüência sui generis: "não é a questão de ser de esquerda, ah, tipo, nada a ver, mas é que, pô, olha aí 'os pobrinho', tanta gente com fome, sem emprego... poxa, capitalismo é uma....". É o que dizem nas salas de aula, nas festas de família, à mesa do bar, na qual jogam a chave do Audi TT, o celular Nokia e os óculos Oakley. (Calma, o porco capitalista aqui só está descrevendo, não está fazendo "merchand" – mas gostaria e está precisando – Anuncie aqui!).

P.R.O.P.I.N.A., Plano Revolucionário de Ocultação Político-Ideológica Narcisista e Alienante: O que toda a (not so) New Left tapuia pratica compulsivamente, seja na forma da sigla – entre seus militantes, ou na pura acepção da palavra – com seus líderes engravatados. Pois ser de esquerda está na moda, é "cool", e todo esquerdista que se preze deve estar com o modelito mais "in": no momento, trata-se de um disfarce mal feito, mal cortado, mal costurado, sujo do sangue de milhões de vítimas e que sai voando assim que os mais desprezíveis esquerdômanos brasileiros abrem a boca.

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