quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

Post de Natal


E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

João 1: 14 – Bíblia Sagrada versão Almeida Fiel e Corrigida.

Desde julho tenho o privilégio de ser lido e edificado pelos posts e comentários de outros blogueiros cristãos. Alegro-me em ver um pouco do que Deus anda fazendo na vida de cada um, para que Seus propósitos sejam cumpridos neste planetinha que Ele considera tão especial.

Sem citar nomes para não excluir ninguém, quero desejar a todos um Feliz Natal e um próspero 2006 d. C.. Depois de quem mesmo ?!?!

Louvai ao Senhor Jesus!
(selah)

Divide ut Regnes

Divida e reine! Melhor do que combater as tropas inimigas, é fazer com que, graças à alguma dissensão, ela se mate sozinha. Sun Tzu já havia dado tal conselho, que foi requentado por Lênin e por outros estrategistas e pragmáticos. O diabo procura sempre fazer o mesmo. Quer lançar dentro da igreja milhões de contradições que, desviando o foco dos cristãos de suas verdadeiras atribuições, acabem por minar a unidade do Corpo de Cristo.

Uma das formas eficientes de fazer isso é passar um verniz cristão em pensamentos mundanos. O primeira vítima, aturdida pela “descoberta”, projeta na Igreja as falhas que tais teorias possuem e lança a semente da contenda e da relativização dos mais elementares princípios da Palavra de Deus.

Eis minha opinião a respeito do episódio do blog (já fora do ar) “Outro Deus”.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Sobre o legalismo

Quem está mais preocupado em saber até onde pode ir do que em estar cada vez mais perto de Deus está sempre querendo saber o que pode e o que não pode fazer. Quando essa disposição mental reprovável, como diria o apóstolo Pedro, começa a ganhar espaço no meio de uma comunidade, a reação dos líderes não é menos repulsiva. Começam a pulular as proibições, os estatutos, e aqueles escândalos muito mais relacionados com a impureza do escandalizado do que com a falha do escandalizador, que nem sempre, de fato, pecou. Assim o Evangelho se distorce, e o que deveria ser a mais completa e perfeita celebração da liberdade começa a se transformar em nada menos que um amontoado de regras que já não mais cria discípulos de Jesus, mas meros membros de denominações sectárias.

É aterradora a semelhança com que cristãos de determinadas igrejas falam, se vestem e se comportam. Ai daquele que fugir do padrão, pelo critério mais irrelevante que seja. Pois o legalista é sempre autoritário, e sempre quer lançar fardo semelhante ao seu aos ombros de quem não o tem. Sua visão do Evangelho é por demais primária, restrita e obtusa. Em grupo, legitimados pelo consenso, tornam a ideosfera local totalmente insalubre. Considerando-se zelosos, fazem o trabalho do acusador, que, no camarote, dá risada. Findam-se as reflexões e o estudo da Palavra e brotam os slogans e as palavras de ordem. Acaba-se o discipulado e começa o adestramento.

Talvez um dia os legalistas percebam que, sem liberdade, não há escolhas moralmente válidas. Então estarão prontos para seguir a Deus com suas próprias consciências, e por fim, entendendo o sentido máximo do sacrifício de Cristo, passarão a viver debaixo da graça.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Pequena consideração sobre a inveja

José Ingenieros, em uma bela obra chamada O Homem Medíocre, alerta:

“Aquele que tem méritos sabe o que eles custam, e os respeita; estima, nos outros, o que desejaria que os outros estimassem nele. O medíocre ignora esta admiração franca: muitas vezes se resigna a aceitar o triunfo que ultrapassa as restrições da sua inveja. Mas aceitar não é amar, resignar-se não é admirar. Os espíritos de asas curtas são malévolos; os grandes engenhos são admirativos”.

É verdade que elogios são facas de dois gumes, pois podem inflar o ego de quem o recebe de forma patológica. Fazê-los e recebê-los, é, definitivamente, uma arte que requer sabedoria e sensatez. Mas a pessoa que reluta em ter por outras a admiração que inspira elogios sinceros, mesmo para notórios merecedores, pode estar sofrendo desse mal, que é como uma metástase que corrói tanto o caráter quanto a auto-estima: a inveja. Fruto de uma comparação que gera um sentimento de inferioridade ressentida e impotência, a inveja logo torna-se ódio. E todo ódio é suicida. Sofre mais quem odeia do que o odiado. Com razão Davi cantou: “cria em mim, Senhor, um coração puro”.

sábado, 26 de novembro de 2005

Um pecado aceito na Igreja

Pecado que não solta fumaça. E que muitos legitimam, aceitam e pior, louvam, batem palmas... Pecado que nem parece que é um vício. Mas faz mal a saúde assim como o alcoolismo, o tabagismo, etc... A conseqüência natural dele muitas vezes é encarada como simples “tendência”, algo hereditário, “de família”, mas nem sempre é o caso. Como dificilmente é encarado como pecado, a maioria dos cristãos sequer cogita examinar-se para observar a que ponto cede a ele, a que ponto deixou seus hábitos serem moldados por esse procedimento pecaminoso. Cativa do simples recém-convertido a obreiros, diáconos, pastores e apóstolos... Hedonismo, luxúria gastronômica. Sim, esse pecado é a gula. Mais do que a diabólica “mentirinha que descomplica”, esse provavelmente, é o pecado que os cristãos fazem mais vistas grossas atualmente.

Fico impressionado com alguns grupos cristãos, tão categóricos em relação às bebidas alcoólicas e ao tabaco, e que, por outro lado, fazem de algumas de suas festas e confraternizações verdadeiras orgias gastronômicas. Acredito que se o Império Romano não tivesse oprimido tanto a igreja primitiva e seus costumes não estivessem tão associados à Babilônia, é bem provável que o vomitorium fosse peça comum em nossas igrejas e salões de festas.

Há também os que só não glutões inconseqüentes e imprudentes por um fator presente na Igreja que se encontra no extremo oposto da questão, tão alarmante quanto à gula socialmente aceita: um desmesurado, frívolo e sensualóide culto ao corpo, que traz às igrejas corpos curvilíneos e musculosos, mas almas aos frangalhos e cérebros vazios.

Os bancos das igrejas estão cada vez mais cheios. Não me refiro, porém, a uma grande colheita de almas, pois para encher tais bancos precisa-se de cada vez menos pessoas, pois o número de obesos multiplica-se e a maior parte dos cristãos ainda prefere apenas celebrar e agradecer a presente fartura a confrontar seus próprios hábitos e pecados, pelo simples fato de que eles se legitimam social e eclesiasticamente.

sábado, 19 de novembro de 2005

A grande diferença

"Pela primeira vez examinei a mim mesmo com o propósito seriamente prático. E ali encontrei o que me assustou: um bestiário de luxúrias, um hospício de ambições, um canteiro de medos, um harém de ódios mimados."
C.S. Lewis.

Ao me deparar com a citação acima, repleta da desconcertante honestidade, lucidez e brilho do autor das Crônicas de Nárnia, sempre tão comentado nesse blog, não pude evitar que minha mente me levasse para o exemplo do extremo oposto da precisão com que Lewis se examinou e se expôs. Lembrei de uma cena comum, pessoas sentadas, conversando, se autojustificando e se autolisonjeando perante as outras. Com o velho e conhecido discurso:

- Sou uma pessoa boa, pago minhas contas, sustento meus vícios e não devo nada pra ninguém. Trabalho bastante e sempre respeitei minha família, amigos...blá blá blá...

Curioso é que não raro, essa umbiguista e farsesca exaltação dos mais altos valores é sucedida com alguma ameaça do tipo “mas não mexa comigo. Senão...”. De fato, cascavéis não conseguem ficar muito tempo sem chacoalhar o guizo.

É exatamente por isso que a afirmação de C.S. Lewis é marcante. Um dos mais geniais escritores cristãos de todos os tempos reconheceu em si mesmo o que qualquer botequeiro e outros sedizentes cristãos não conseguem admitir. O apóstolo Paulo fez declaração do mesmo teor:

Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.
Romanos 7:18,19 (Bíblia Sagrada, trad. Almeida. Revista e Atualizada

A grande diferença é que Paulo e C.S. Lewis sabiam do que habita na natureza humana. Paulo prossegue:

Mas, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.
Romanos 7:20

E Lewis nos presenteia com mais uma:

O cristão tem grande vantagem sobre os demais homens, não por ser menos decaído que eles, nem por ser menos condenado a viver no mundo caído, mas por saber que é um homem caído num mundo caído.

Lembro de que uma vez despertei o furor de algumas pessoas por dizer o óbvio: que a natureza delas é a mesma de Adolf Hitler, ele era tão humano quanto nós. Fui duro, sim, pois é preferível partilhar da natureza de Gandhi ou de Billy Graham, não é mesmo? Que é exatamente a mesma do bigodudinho austríaco racista e barraqueiro.

Quem tenta justificar a si mesmo não se conhece. Quem tenta ser justificado pela graça de Deus, mediante a fé no sacrifício de Cristo, reconhece o que Paulo, C.S. Lewis e Billy Graham perceberam. Que somos pecadores que necessitam da graça e perdão de Deus, manifestos em Jesus Cristo.

domingo, 13 de novembro de 2005

Estranho, não?

Notem: Os mesmos pró-aborto que apoiaram a autoritária tentativa de desarmamento da população brasileira, dizendo-se pacifistas, taxaram o filme A Paixão de Cristo como violento. O interessante é que agora esse beatiful people está todo alvoroçadinho e louco para deliciar-se com a mais abjeta glamurização da violência e do grotesco contida no filme Jogos Mortais 2, que certamente fará do filme um sucesso de bilheteria.

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

Bakunin e a fé cristã


"A ideologia é a existência em rebelião contra Deus e o homem”.
Eric Voegelin

Grande inspirador do anarquismo, Bakunin disse certa vez que as pessoas vão à igreja pelos mesmos motivos que vão à taverna: para estupefazerem-se, para esquecerem-se de sua miséria, para imaginarem-se, de algum modo, livres e felizes. Essa declaração evidencia muito bem o profundo desconhecimento de Bakunin ao que vem, de fato, ser o Cristianismo.

Mal sabia ele, como parecem fazer questão de também não saber os ateus de hoje, que o cristianismo propõe ao homem não é conforto algum. Não num primeiro momento. Pois o homem que crê no Evangelho, é antes de tudo, desafiado. O cristão é confrontado pela santidade de Deus, expressa em Cristo, a quem deve imitar. Constrangido e entregue ao amor de Deus, passará a refrear tudo o que existe em sua natureza caída para viver como um verdadeiro príncipe de um reino de pureza e bondade eternas. Não desejará viver mais como uma simples criatura, restrita a seus instintos mais elementares e rasos. Buscará moldar seu caráter para tornar-se testemunho vivo do infinito amor de Deus pela humanidade. Fará tudo para viver por modo digno do evangelho, e se perseverar até o fim, será salvo.

Como o próprio Bakunin afirmou, não há nada tão estúpido como uma inteligência orgulhosa de si mesma. Mas me parece que esse era exatamente o caso de Bakunin, que, como mentor ideológico de milhares de pessoas, mal conhecia aquilo que ele mesmo considerava como seu inimigo, o Cristianismo. Dizia que religião é demência coletiva, certamente com um único objetivo: para estupefazer-se, para se esquecer de sua miséria, para se imaginar, de algum modo, livre e feliz. Duvido que tenha conseguido, pois quem declarou que "a paixão pela destruição é uma paixão criativa", só pode ter vivido num profundo caos psicológico, moral e espiritual. Daí seu apego à ideologia anarquista, seu frágil alicerce, seu ópio.

Pobre Mikhail Aleksandrovitch Bakunin. Não aprendeu que é mais fácil querer mudar o mundo do que querer mudar a si mesmo. Que tomar partido é fácil, que difícil é tomar consciência. Como bem observou W. H. Auden, “preferimos ser destruídos a ser transformados”.

terça-feira, 1 de novembro de 2005

Perdoar-se

Reconhecer a falha, arrepender-se e pedir o perdão de Deus. Atitudes fundamentais, propulsoras do mais autêntico Cristianismo. Mas há uma outra sobre qual muito pouco se comenta. É o perdoar a si mesmo. Quantas vezes pedi o perdão de Deus e continuava me culpando. Nessas ocasiões, andei tão decepcionado comigo mesmo que cheguei a duvidar que o Pai havia me perdoado. Esse posicionamento acabava com a minha alegria, me secava, e fazia com que eu confundisse essa sequidão com quebrantamento, minha sisudez com seriedade e a alegria dos meus irmãos com frivolidade.

A principal causa disso tinha nome: orgulho. Eu me achava grande coisa, e, ao ver que não era, ficava decepcionado comigo mesmo. Daí para começar a julgar os outros, era um passo, pois se há algo que o ser humano adora, é se comparar com o outro. René Girard explica, como diz minha amiga Norma. Com o tempo, percebi que uma outra forma de se tornar um fariseu hipócrita, além de não reconhecer o próprio pecado, é não se perdoar.

Se eu não tiver fé no perdão de Deus, ele não fará efeito algum... e não há nada pior do que duvidar da eficácia e da validade do sacrifício de Jesus, pois é da cruz que emana a graça.

Arrepender-se, pedir o perdão de Deus, não duvidar da remissão dos pecados, e perdoar a si mesmo. Agindo assim ninguém se torna um apóstata.

quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Lendas

Dias atrás falei que não acredito em cristãos depressivos. Mas também não creio haja cristãos sedizentes comunistas com uma vida espiritual saudável. O ideenkleid sufoca o Espírito Santo no interior da alma, da mesma forma que o Partido sufoca a Igreja no país onde ganha força. Os fenômenos de ordem íntima e espiritual se repetem na ordem da imanência, no âmbito social. Também não acredito em ateus, pois o Eclesiastes fala que Deus pôs a eternidade no coração do homem. Não é a toa que essa idéia besta de se dizer ateu só começou com meia-dúzia de sofistas gregos, e depois foi requentada, como uma marmita, por renascentistas e iluministas. Todas as culturas, todas as tribos e povos, ao longo da história, sempre buscaram a transcendência, o sobrenatural. Mas há uma turminha modernete que não se emenda mesmo...

E por falar em iluministas, ouço há muito tempo histórias de pastores maçons assumidos e do crescente número de evangélicos filiados a partidos de extrema-esquerda. A burrice transforma lendas em realidade. Ela tem esse poder.

quinta-feira, 20 de outubro de 2005

O Evangelho e o destino dos povos

"Ele domina entra as nações".
Sl. 22:28

A Palavra afirma que o temor a Deus é o princípio da sabedoria. O filósofo é aquele que ama a sabedoria. Não é a toa que depois que ‘filósofos’ ateus - uma contradição em termos, como se vê - conquistaram notoriedade, a humanidade começou a ficar cada vez mais burra e assassina. As duas guerras mundiais do século passado foram idealizadas por gente que foi na conversa dessas figurinhas e seus congêneres. Se houveram caras que deveriam ter sentado no banco dos réus em Nüremberg, estes foram Hegel, Kant, Marx e Nietzsche.

Se a moral cristã permeasse profundamente a cultura brasileira, nossa história seria outra. A Europa é um exemplo, e é decadente justamente porque despreza cada vez mais o Cristianismo. Enfim, povo nenhum é subdesenvolvido ou assiste a própria decadência por acaso. E isso não é uma assertiva espiritualóide. O que afirmo é um dado antropológico, social e civilizacional, além de uma constatação histórica. Não porque Deus seja iracundo ou melindroso. Ele é incansável em perdoar. Mas é que só o Cristianismo dá ao homem a visão precisa de sua real essência, de sua real condição, de suas necessidades e das suas mais íntimas motivações. A Europa também não é símbolo de desenvolvimento e elevado grau civilizatório por acaso. O Evangelho quando chegou ali, foi bem aceito e espalhou-se pelo mundo. E Deus abençoou aqueles povos.

Se você é cristão e ainda assim acha que estou forçando a barra, note: a história do povo de Israel contida na Bíblia apresenta ciclos semelhantes. O povo afastava-se de Deus e, muito antes dos profetas anunciarem o que a mão de Deus pesaria sobre a nação, o desgaste do tecido social já era notório e as crises internas cada vez mais intensas. Se você não é cristão, pesquise a obra de René Girard e seus pressupostos sobre a violência fundadora, comportamento e conflitos miméticos, e o mecanismo do bode expiatório.

Nossas convicções definem quem somos e o nosso destino. Se o Brasil se render ao Evangelho, perderá esse sentimento de fragmentação e o complexo de inferioridade em relação ao irmão anglo-saxônico do norte, sua cultura será resgatada numa dimensão superior, mediante a universalidade dos valores e princípios evocados na Cruz do Calvário. Prosperará em todos os sentidos e será exemplo para o mundo.

Isso vale para qualquer país.

terça-feira, 11 de outubro de 2005

O zelo pela verdade, por amor

Já é tempo, Senhor, de intervires, pois tua lei está sendo violada.
Sl. 119: 126

Torrentes de água nascem dos meus olhos, porque os homens não guardam tua lei.
Sl. 119: 136

Vi os infiéis e senti desgosto, porque não guardam a tua palavra.
Sl. 119: 158

(Bíblia Sagrada, trad. Almeida. Revista e Atualizada)

A apostasia que mais me machuca é aquela que ocorre DENTRO da Igreja. Observo pessoas apegadas à estruturas denominacionais sufocantes, à formulinhas prontas e às suas próprias conveniências. Elementos alheios à sã doutrina que acabam por comprometer o fluir do Espírito Santo e impedem a Noiva de Cristo de ser sal da terra e luz do mundo. O que não vêm de Deus gera confusão e desvia a Igreja do caminho qual deve trilhar.

Para se atingir a Verdade é necessária muita precisão. Quem afina um instrumento de cordas sabe que há um único ponto até onde a tarracha deve girar. Um milímetro a mais, ou a menos, desafina a corda. Da mesma forma que o resultado de 2 + 2 não é 4,5 tampouco 3,99. Este último número está mais próximo da reposta certa, mas está tão errado quanto o outro. A Verdade é sempre exata. Por isso é única.

Bem sei que, de fato, é difícil seguir o padrão das Escrituras em tudo, tanto em nossa própria vida como na Igreja, porém, não posso aceitar viver sem buscá-lo. Cobro isso de mim mesmo e é o que espero de meus líderes; não a perfeição, mas determinação em buscá-la, o que se traduz em zelo pela Palavra de Deus. Sem atalhos, sem Cristianismo fácil, sem fé low-profile. Pois quero vida abundante para eles, para mim e para meus conservos. Para que o mundo creia.

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No linkroll: Excelência de Deus. Logo, um dos melhores blogs cristãos na web lusófona. E Olavo de Carvalho, que dispensa apresentações. Visitem.

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

Aquilo que nada pesa na ordem causal pode muito revelar na ordem da significação”.
Olavo de Carvalho

Minha insistência nos pecadilhos cotidianos revela muito mais sobre mim do que minha resistência às tentações que me levariam a pecados com conseqüências trágicas.

sábado, 1 de outubro de 2005

Tire os olhos do seu umbigo e do mundo

O livro Cartas do Inferno, de C.S. Lewis, é uma coleção de cartas escritas pelo demônio Screwtape para “seu sobrinho” Wormwood, orientando-o em como atrapalhar e destruir por completo o relacionamento de um homem com Deus. Pode-se certamente incluir esta obra como uma das melhores ficções da literatura cristã, não só pela genialidade com que Lewis explicita o modus operandi demoníaco, como pela capacidade de edificar a vida do leitor atento e dado à reflexão.

Aí vai um trechinho:

“Façamos com que um insulto ou um corpo de mulher fixe sua atenção no exterior a tal ponto que ele não possa refletir "Estou neste momento entrando em um estado de alma chamado Raiva - ou em um estado de alma chamado Luxúria." Ao contrário, faça com que as reflexões: "Estou agora acrescentando mais devoção ou caridade aos meus sentimentos", a fim de fixar sua atenção em si mesmo de tal forma que nunca mais possa olhar além de si mesmo para ver o Inimigo ou ao seu próximo”.

Nas frases anteriores, ele explica a tática perversa:

“Em todas as situações mentais que nos favoreçam, encoraje o paciente a se despir da autoconsciência e se concentrar puramente no objeto em si; mas em todas as atividades favoráveis ao Inimigo, conduza sua mente de volta a ela mesma”.

Ou seja: quando algo me afasta de Deus, o diabo impedirá que minha atenção saia daquilo. Quando algo me aproxima do Pai, o diabo incentiva-me a olhar para mim mesmo, inflando meu ego de lisonjas, de acordo com Clive Staples Lewis. Percebo com esta passagem que preciso desenvolver uma ‘autocrítica’ totalmente dependente do Espírito Santo. “Vigiai” é a ordenança, pois o inimigo anda a espreita, e “enganoso é o coração do homem mais do que todas as coisas”, diz a Palavra de Deus.

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E fiquem com Deus, irmãozinhos amados ! Abraço do Eliot.

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Desgaste, compaixão e resgate

Assaltar um banco. Não, você não faria isso. Um homicídio? Tampouco, jamais. E é por saber que você não faria isso que o diabo não irá te tentar com propostas dessas. Quando vejo um irmão com sua chama meio apagada, papagaiando idéias alheias à Palavra, pessoa outrora referência de devoção, sabedoria e zelo, tenho certeza que, para chegar neste estágio, nada ocorreu da noite para o dia. Houve um processo, no qual se inclui uma série de fatores, como aquela acomodação advinda do orgulho (normalmente fruto da comparação com outros irmãos) capaz de, primeiramente, diminuir o ritmo de crescimento de uma vida espiritual, para depois, interrompe-lo. Por fim, inicia-se o retrocesso que faz o porco lavado ao retornar ao lodaçal, para ficar com as palavras do apóstolo.

E aí está nosso irmãozinho. Sedizente cristão, mas já com aqueles adereços que não foram produzidos na feirinha do arraial dos santos: palavrório, posturas e valores que já conhecemos bem, onipresentes na indústria cultural, e que tão facilmente brotam da alma de um ser humano entregue a si mesmo, ansioso por ‘liberdade’ e ‘independência’.

O que quero destacar é que a deteriorização da vida espiritual nunca é brusca, abrupta. O cristão descuida-se, aceita uma sugestão diferente aqui, outra ali, cede um pouco mais acolá. Isso pode durar semanas, ou meses. Até que chega um bacaninha, questiona alguma ordenança bíblica de forma muito bem disfarçada, sutil e sagaz. E o discípulo pensa: "É, não é bem assim".

A partir daí, acelera-se a derrocada. Em pouco tempo, poderemos ver o ex-líder de adoração num carro alegórico de escola de samba. É sempre fácil encontrar pessoas amadas neste processo, em estágios menos ou mais avançados em nossas famílias e na Igreja. A atitude mais comum e miserável é por o dedo em riste e entrar no batalhão da patrulha farisaica, que nunca tem problemas de excesso de contingente. E lá vai mais um ditado sueco para lembrar o povo de Deus que superambundante graça precisar ser espalhada a qualquer pessoa, em qualquer situação: "Procure me amar quando eu menos merecer, porque é quando mais preciso". Na mesma direção, as Sagradas Escrituras dizem:

"Se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte de seu Filho, muito mais agora, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida".
Romanos 5:10 (Bíblia Sagrada, trad. Almeida. Revista e Atualizada)

Resgatemos nossos soldados contaminados, que estão atrás das linhas inimigas.

quarta-feira, 14 de setembro de 2005

Misantropia x "Ser Sal"


"A liberdade reside na conformidade, não na separação.[Devemos] buscar o ponto onde a liberdade e o amor coincidem. Este é o ponto que Sartre ignora.O próprio da liberdade não é tão-somente fazer-me escolher entre possíveis no tempo, mas fazer-me escolher entre o tempo e a eternidade, ou antes, permitir-me preferir sempre a eternidade ao tempo".
Louis Lavelle – Graça e Liberdade
Tradução - Luiz de Carvalho.


Dias atrás, graças a um provérbio sueco que diz: "os jovens vão aos bandos, os adultos aos pares e os velhos sozinhos", eu andava desconfiado de ter passado subitamente da juventude para a velhice. "Será que eu passei a "vida adulta" e me tornei um xaropão ranheta e caduco antes do tempo"? Afinal, amo ficar sozinho, posso passar um dia inteiro só e mesmo assim me diverto bastante, com meus livros, textos, com minha guitarra, pensando em posts para o blog, etc... A sós, somos sempre nós mesmos, sozinhos, somos 'livres'.

Muitos sábios apreciaram o isolamento, lamentando o dilema entre tarefas pessoais e sociais, como fez Hermann Hesse, ou a complexidade das relações humanas, da qual queixava-se o über-jornalista Paulo Francis. Não estavam totalmente errados. Porém, entre eu e eles, há uma diferença, literalmente, crucial, no sentido mais estrito da palavra: sou cristão. Devo ser sal da terra e luz do mundo, candeia em lugar alto e visível para que a luz possa ser bem aproveitada. A introspecção é ótima e a meditação fundamental. Mas preciso resistir à tentação de evitar pessoas. Devo é amá-las, o que muitas vezes significa gastar tempo com elas, dividir dores e alegrias, misérias e virtudes, de forma que, através da minha vida, essas pessoas se aproximem do Altíssimo. Não é fácil, mas agir assim é exatamente imitar, em menor escala e em suas devidas proporções, o ato heróico e apaixonado de Jesus: despir-se de sua Deidade, deixar seu trono de glória e vir nascer num curral fétido, emprestado, filho de uma mulher cujo povo já era dos mais odiados, oprimido por um truculento império. Foi um carpinteiro cheio de gente a sua volta, cercado de discípulos bem burrinhos e sempre com legalistas manés (desculpem o pleonasmo) no seu rastro.

Portanto (eu e meus "portanto", não é mesmo?), quem sou eu, quem somos nós para pensarmos que os homens não merecem nossa companhia? Há tempo para tudo debaixo do sol, e que saibamos discernir hora certa de entrar e de sair da caverna. Para que a graça dEle transborde de nós, e que todos que estiverem a nossa volta sejam inundados do Amor Eterno.

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Em quais hostes militas?

Descobri o porquê de tanto sectarismo nas igrejas protestantes. Há dois tipos de pessoas dentro delas: os sedentos, os que querem mais, e “as crianças que brincam de religião”, que quando percebem que Deus irá se manifestar, fogem da raia. Com a palavra, ninguém menos que C.S. Lewis:

“E sempre assustador encontrar vida quando pensávamos estar sós. "Cuidado!" gritamos, "está vivo!”. E assim esse é exatamente o ponto onde muitos retrocedem - eu teria feito o mesmo se pudesse – e não continuam no Cristianismo. Um Deus "impessoal" – não basta. Um Deus subjetivo de beleza, verdade e bondade dentro de nossas cabeças - melhor. Uma força vital informe, surgindo através de nós, um vasto poder que podemos deixar fluir - perfeito. Mas o próprio Deus, vivo, puxando do outro lado da corda, talvez se aproximando numa velocidade infinita, o caçador, o rei, o marido – aí são outros quinhentos. Chega a hora em que as crianças que estavam brincando de ladrão de repente silenciam: o que ouvimos foram passos de verdade no corredor. Chega a hora em que as pessoas que estavam brincando de religião ("A busca de Deus por parte do homem!") subitamente retrocedem. E se O encontrássemos de verdade? Nunca imaginamos que isso pudesse acontecer! Pior ainda: e se Ele nos encontrou?”

C.S. Lewis – Milagres - Tradução minha, misturando outras duas.

Eu já vi isso acontecer. Até me lembrei do Gregório McNutt, que diz que sempre há líderes tentando apagar o fogo que o próprio Deus acende na vida de alguns cristãos....

A pergunta que fica é: De que lado estou? E você? “Examine pois o homem a si mesmo”...

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Conhecimento X Revelação

Dedico o post "Conhecimento x Revelação, escrito por Norma Braga, para todos aqueles irmãos em Cristo que tem medo de usar o cérebro. Infelizmente, não são poucos.


Conhecimento X Revelação

Teólogos se ocuparam por séculos com a questão da obtenção da fé cristã: seria por revelação ou por conhecimento? Creio que a discussão se torna um quebra-cabeças insolúvel se tomada desta forma, "ou conhecimento, ou revelação". O ideal é deixarmos de antagonizar essas duas instâncias para entendermos que todo conhecimento verdadeiro também vem de Deus. A Bíblia diz que são culpados os homens que, ao olharem para tudo o que existe no mundo - a criação - , não louvam o autor, o criador. O que significa que as coisas criadas também falam de Deus, e sobre isso existe um salmo lindíssimo que diz: "Os céus proclamam a glória de Deus / E o firmamento anuncia a obra de Suas mãos". Para reconhecer essa glória visível no mundo, precisamos dos dois lados: o sensível, para chegar às coisas, e o inteligível, para fazer uma ponte entre elas e Deus. Tudo se faz assim, nada é apenas "revelação" solta, sem nossa participação, ou "conhecimento puro", com nossa mente em atividade no vazio ou apenas consigo própria.

Logo, como protestante, acredito firmemente na ênfase na revelação de Deus como modo de se obter a fé, mas não tomo a revelação como oposta ao conhecimento. Para mim, a melhor maneira de se entender isto é o seguinte: Ele começou primeiro. Ele já existia antes de tudo, Ele imaginou, Ele criou. Assim, a iniciativa é sempre Dele em tudo. Isto se chama, afinal, graça: diante de Deus, seremos sempre os agraciados, aqueles que recebem. Logo, recebemos: revelação e conhecimento, sempre. E o antagonismo revelação x conhecimento parece perder todo o sentido se pensamos na infalível graça de Deus. Pois, no final das contas, tudo é revelação no sentido lato, começando pela revelação de si e de seu amor: "Ele nos amou primeiro."

Acredito então que, ao se fundarem necessariamente no antagonismo, os defensores de ambas as posições incorrem em erro. Os cristãos protestantes tendem a privilegiar tanto a revelação "pura" que acabam menosprezando a razão como se esta fosse intrinsecamente separada de Deus. Logo, acabam sendo anti-intelectualistas. Já os gnósticos enfiam os pés pelas mãos porque, ao privilegiarem a razão (ou o que entendem ser razão - uma razão cartesiana, mutilada do sensível, já que se concentra em excesso na mente humana, nos processos interiores), subordinam-lhe a graça, e acabam prescindindo do verdadeiro iniciador de todo processo de conhecimento. As duas posturas geram doença: a primeira diz "só Deus", e a segunda diz "só o homem".

A doutrina protestante oferece uma boa dimensão da graça. Evangélicos em geral crêem certo quanto a Deus como o grande iniciador, mas têm um medo irracional de interferir no processo e gerar orgulho - o que é uma tolice, porque a graça de Deus não significa passividade humana. Ele nos chama para sermos co-participantes de sua glória, não para recebermos Dele de forma estática. Um dos mais belos detalhes na história de Moisés é quando Deus diz para ele tocar o cajado no mar. Deus não poderia ter simplesmente mandado o mar se abrir? Não poderia ter ecoado uma voz do céu assim: "Abre-te, mar"? Mas não: delega o gesto a Moisés, e o mar se abre. É óbvio que não foi Moisés quem abriu o mar, foi Deus; mas Ele o chamou para participar do milagre. A Bíblia inteira nos chama a essa co-participação dos milagres divinos, parecendo afirmar que somos mais humanos - somos plenamente humanos - quando agimos em conjunto com Deus, porque afinal Ele nos criou para isso. Jesus o mostrou perfeitamente, sendo o melhor ser humano que chegou ao mundo por estar em perfeita sintonia com Deus.

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quarta-feira, 31 de agosto de 2005

Depressão em cristãos?



Não acredito em depressão em cristãos. Não posso aceitar, não admito, não suporto a idéia. Não acredito que uma pessoa que busque viver segundo os padrões bíblicos possa vir a ter o tal "mal do século" (passado). A Bíblia mostra a alegria como uma característica intrínseca aos que anseiam viver próximos a Deus. O povo de Israel fazia um barulho razoável em suas festas, que não eram poucas. Nos casamentos, o festerê durava uma semana. Davi não cansava de salmodiar evocando a alegria; foi o rei que sai dançando pelas ruas, com os "comuns", quando a arca da Aliança voltou para Jerusalém – com júbilo e som de trombetas (2 Sam. 6:15).

A alegria habita em quem tem o Espírito Santo dentro si, lê-se na carta paulina aos Gálatas. Na carta aos Filipenses, Paulo enfatiza a importância da alegria na vida cristã; foi inspirado nessa carta que Charles Swindoll escreveu Ria-se De Novo – Experimente a alegria transbordante, bela obra sobre a questão. Na contra-capa da edição brasileira, há uma foto de Swindoll sobre sua Harley-Davidson acompanhado de sua "gatinha", ambos com mais 65 anos de idade.

Reitero: Não acredito em cristãos depressivos. Ou é uma coisa, ou outra. Nesse mundo teremos aflições, ok, Jesus avisou. Mas viver soterrado em lamúrias não é viver por modo digno do evangelho. E a tristeza que for segundo Deus, "produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza segundo o mundo produz morte" - (2 Cor.7:10).

Tristeza que mata, que é doença, não vem de Deus. Comigo não tem essa.

quinta-feira, 25 de agosto de 2005

Jogar limpo com Deus

"Ó Deus, não te amo, nem mesmo quero amar-te, mas desejo querer amar-te".
Teresa de Ávila

O brasileiro, nascido e criado nessa terra onde a informalidade escolheu esparramar desleixadamente seus longos tentáculos e fazer sua morada, pode correr o risco de transferir para sua vida espiritual, seguindo uma lei psíquica das compensações, uma reverência que, ao invés de fazê-lo posicionar-se de maneira sensata perante Deus, leve-o a ter uma atitude "cheia de dedos" ante o Criador. Uma reverência que não o posiciona na sua exata condição de servo e filho, mas uma reverência que faz com que se perca de vista a magnitude dos atributos de Deus e a dimensão dos esforços que Deus fez para poder se relacionar com aqueles que são o seu maior sonho e objeto máximo do seu amor: os seres humanos.

O homem que distorce o sentido da reverência a esse ponto, perde algo muito valioso em sua caminhada espiritual: a autenticidade e a transparência perante Deus. As conseqüências disso logo aparecerão: da dificuldade de apresentar suas aflições ao Pai, do não "lançar sobre Ele toda nossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de nós", surge um estado constante de angústia. Da dificuldade de confessar a Deus seu pecado, surge o sentimento de culpa, e a mão dEle começa a pesar sobre o homem, como pesou sobre Davi, que conseguiu admitir sua dificuldade em deixar de ocultar seus pecados a Deus. Assim, o homem acaba por atrapalhar a boa obra que Deus está a realizar em sua vidas, pois não se entrega plenamente a Ele. Como se sabe, o Espírito Santo não agirá na vida daquele que não lhe der permissão para agir.

Concluindo (senão o post fica longo demais e eu me passo por chato - mais uma vez):

* Homens que foram francos com Deus tiveram suas orações respondidas. Na Bíblia há vários exemplos.
* Homens que são francos com Deus têm seus pecados perdoados. Deus não resiste a um coração sincero e contrito.

Deus deseja se relacionar com cada homem na condição de Pai. Um Pai que anseia por sinceridade, franqueza, devoção e respeito. Um respeito advindo do reconhecimento da sua santa e doce onisciência, da sua fidelidade e do seu infinito amor.

terça-feira, 23 de agosto de 2005

Haloscan commenting and trackback have been added to this blog.

- Bem, a engine do Haloscan só esqeceu de me avisar que todos os comentários iriam para o balaio... tudo bem, acontece...

quarta-feira, 17 de agosto de 2005

"Teologia" da prosperidade

Quando vierem com essa conversinha de que você deve "reivindicar" as promessas da Bíblia para sua vida, leia essa oração do profeta Habacuque para seu interlocutor. É lindo e útil:

"Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado,
todavia eu me alegro no SENHOR; exulto no Deus da minha salvação
".

Habacuque 3:17,18 (Bíblia Sagrada, trad. Almeida. Revista e Atualizada)

Há líderes eclesiásticos que pensam que, por praticarem o que eu chamo de "Cristianismo de mercado", suas ovelhas farão o mesmo, começando a barganhar com Deus bênçãos de acordo com sua conduta e disciplina nas orações e no estudo da Palavra. Como se Deus fosse obrigado a deixar todos os seus filhos ricos! O livro de Jó e as cartas do apóstolo Paulo também nos dão preciosas lições a respeito disso. Vale a pena pesquisar sobre o tema.

É impressionante como é limitado o conceito de prosperidade desses envenenadores da Água da Vida. Foca apenas as finanças pessoais e a saúde. Em relação ao "crescer na graça e no conhecimento", e ao "deixar de ser criança que bebê leite e tornar-se adulto que se nutre de alimento espiritual sólido", esses pretensos pregadores nada falam. Porque talvez assim mantenham a influência e escondam sua mediocridade por mais tempo perante as pessoas que assistem suas pregações.

Ainda bem que uma rápida (mas bem orientada) consulta às Escrituras desmente muitas mentiras.

Há mais sobre este assunto aqui.

quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Conhecer e desfrutar

"Creio que todos os cristãos concordarão comigo se disser que, embora o cristianismo pareça a princípio tratar apenas de moral, deveres e regras, culpa e virtude, apesar disso, ele o conduz adiante, longe disso tudo, para algo além. Alguém teve a visão de um país onde não se fala dessas coisas, exceto talvez por brincadeira. Todos ali estão repletos do que chamamos bondade. Mas não a chamam de bondade. Não a chamam de coisa alguma. Não pensam nela. Estão ocupados demais, olhando para a fonte de onde ela vem".

C.S. Lewis (Cristianismo Puro e Simples, São Paulo, ABU, 1979)


Não adianta conhecer a Bíblia de ponta a ponta e não desfrutar dela. Não deixar que Deus transforme a informação, o logos em rhema. Só podemos ter uma comunhão cada vez mais íntima com Deus na medida em que crermos sem reservas e vivamos de acordo com seus princípios não apenas por disciplina ou por certo ascetismo. Precisamos encará-lo como Pai, como Consolador, como Príncipe da Paz. Precisamos ver cada milagre, cada gesto de Jesus, cada atuação miraculosa do Espírito Santo como algo perfeitamente válido e possível para a nossa vida hoje. Se não for dessa forma, jamais conseguiremos fazer com que "rios de água viva jorrem de nosso interior".

Se nossos pais terrenos nos dão bons presentes, imaginemos então do que é capaz o Pai celeste que é a mais perfeita expressão do Amor e da Bondade!

Eu sei, eu sei, sabemos de tudo isso. Mas temos disto desfrutado? Tenho plena certeza que desfrutar da doce presença do Espírito Santo em nossos corações é o melhor e mais gostoso método de evangelização. Era assim que a igreja do livro de Atos crescia.

sexta-feira, 5 de agosto de 2005

Peter Singer

Ele assumiu que quer acabar com a moral judaico-cristã, esse filisteuzinho... Não é à toa que, por ele, os bebês podem ser sacrificados no altar do novo dagom moderno, a profana trindade hedonismo-conforto-praticidade. Onde o grande Eu Sou não habita, os mais fracos são massacrados impiedosamente. Sempre foi assim, em todas as culturas, com raríssimas exceções que só confirmam a regra.

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

RH é com Ele !

E lá ia Jesus, com a multidão atrás dele. Uns apaixonados, outros querendo aprender, e outra boa parte querendo ver milagres ou ser curada. Lá de longe Jesus pressentiu (acabei de perceber que estou fazendo igual o Max Lucado, mas agora vou em frente) que um rapaz que ajudava seu pai, próximo à estrada pela qual Mestre caminhava, sentiu seu coração agitar-se dentro do peito, assim que O viu. Pensou: - Esse está qualificado, é o próximo. Jesus dá mais uns trinta passos e sela o destino de Levi, filho de Alfeu: - Segue-me.
(Marcos: 2:13-14)

domingo, 31 de julho de 2005

Post de domingo...

A alegria que um cristão obtém, quando se relaciona plenamente com Deus, é imensurável. Constrange quem vê, pois ela mesma está inundada do amor dEle. Quem convive com a presença de Deus acaba por lançar labaredas dela no próximo. Quem foge de Deus logo passará a se sentir incomodado. Por isso é que os cristãos, quanto mais zelosos e devotados, mais raiva despertam naqueles covardes, que não trocam meia dúzia de convicções áridas e sufocantes pela submissão à realidade mais patente: a existência de Deus e seu anseio em ter um relacionamento repleto de amor com cada ser humano.

Para fechar o post, René Girardi (leiam esse cara):

“Se ainda hoje, depois de 2 mil anos de cristianismo, censuram-se certos cristãos por não viver conforme os princípios que eles pregam é porque o cristianismo se impôs universalmente, mesmo entre aqueles que se dizem ateus”.

quinta-feira, 28 de julho de 2005

Sir Silence e um povinho do barulho

Como o silêncio faz bem! Os pensamentos ficam mais claros, mais definidos, quando nada invade nossos ouvidos. Infelizmente, a cultura brasileira não valoriza o silêncio, e a introspecção não é um hábito nosso. Perdemos muito com isso e ficamos superficiais e frívolos. Um povo perigosamente emotivo, com forças reflexivas débeis, com muito mais afinidade com percussão pesada, bumbos, apitos, tamborins e agogôs. Tenho amigos que odeiam o silêncio. Para dormir, ligam a tevê, o aparelho de som, e são sempre os primeiros a dar um grito irônico e impiedosamente estridente quando a conversa pára e todo mundo resolve dar uma epidérmica pensada no que ouviu e disse até então.

Sensuais, vaidosos e dionisíacos a não mais poder, embriagados pelas delícias dos cinco sentidos, eis os brasileiros. Precisam do afago e de beijos para a saudação, do visual impecável (segundo critérios normalmente questionáveis; o"baiano", por exemplo), da decoração da casa toda charmosinha, porém de funcionalidade também questionável. Enfeites que, kitsch ou bem-sacados, abundam em paredes e estantes, dividem espaço com uma enciclopédia velha e jamais lida, alguma literatura de auto-ajuda, uma tevê que quase não é desligada e com um aparelho de som prestes à marcar território assim que o mute do controle remoto do televisor for acionado. Nas festinhas, os dois concorrem entre si, com os gritos da criançada, o sambão de cavalheiros amortecidos pela caipirinha e a balbúrdia promovida pelo animado clube da Luluzinha, que precisa por a fofoca em dia, falar de moda, novela, e do marido de quem não veio.

A sinestesia é fato e todo mundo tem um pouquinho. Então, pode-se identificar até mesmo na "pegada" das cozinhas tapuias, um prazer pelo barulho transposto ao paladar. Sugiro essa associação. Esse apego ao que há de mais picante, de mais in-your-face, a exemplo do que ocorre na visão e no tato. E tome sal grosso no churrasco, tempero forte no marreco (catarinenses, não esqueci de vocês), sem falar nas gorduras pesadas da feijoada, do torresmo e da agressiva pimenta das panelas de Minas e da Bahia.

Para a minoria que sabe do valor do silêncio, porém, as madrugadas são preciosas, exceto as dos finais-de-semana, naturalmente. Nelas, estes afortunados escrevem, lêem, fazem orações e amadurecem idéias. As madrugadas ainda serão consideradas como salvadoras do que ainda há de valor em nossa cultura. Antes do alvorecer, o silêncio passeia livre, acenando cordialmente aos seus apreciadores, sem deixar de presenteá-los e desejar-lhes um novo encontro o mais breve possível. O silêncio acolhe calorosamente quem quer mais de seu intelecto, de sua alma e de seu espírito, com uma ternura que jamais deixa seus admiradores sem preciosas recompensas.

domingo, 24 de julho de 2005

Da santidade do ato conjugal

"Que belos são os teus amores, minha irmã, esposa minha! Quanto melhor é o teu amor do que o vinho! E o aroma dos teus ungüentos do que o de todas as especiarias!
Favos de mel manam dos teus lábios, minha esposa! Mel e leite estão debaixo da tua língua, e o cheiro dos teus vestidos é como o cheiro do Líbano.
Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada.
Os teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes, o cipreste com o nardo.
O nardo, e o açafrão, o cálamo, e a canela, com toda a sorte de árvores de incenso, a mirra e aloés, com todas as principais especiarias.
És a fonte dos jardins, poço das águas vivas, que correm do Líbano!
Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, para que destilem os seus aromas. Ah! entre o meu amado no jardim, e coma os seus frutos excelentes!"
Cantares 4, 10-16.
(Bíblia Sagrada, trad. Almeida, Fiel e Corrigida)

Sexo é algo sagrado demais, para, nestes tempos de idiotia e barbárie, poder ser encarado da maneira correta pela maioria das pessoas. Uma relação sexual plena tem um sentido muito mais abrangente, profundo e espiritual do que os moderninhos costumam imaginar. O ato sexual é uma celebração da união plena de um homem e uma mulher perante Deus e toda a Sua criação. Deus mesmo institui essa celebração da vida porque é muito amoroso e festeiro. Sim, Deus é festeiro, alegre, mas também é santo e gosta de coisas que, como Ele, têm valor eterno. Por isso, é somente mediante o casamento que a humanidade pode encontrar a significação absoluta do ato sexual, que, ao contrário do que muitos religiosos afirmam, jamais se restringe à perpetuação da espécie. Um dos objetivos do sexo é o prazer, o deleite de um casal que possui uma aliança que transcende os sentidos imediatos e terrenos, e que atinge a dimensão sobrenatural. Portanto, quando se pensar em sexo, vale lembrar o que dizia G. K. Chesterton: "até para se ter prazer é necessária certa disciplina". E disciplina é coisa de discípulo. Se alguém deseja prazeres completos na vida, deve observar quem tem sido seu mestre. Não é a toa que Jesus disse que veio a este mundo “para que nosso gozo fosse completo”.

segunda-feira, 18 de julho de 2005

Desaprender

Se há algo na vida que é importante mesmo é desaprender. Demorei para aprender a desaprender, a largar velhos hábitos comuns a quase todas as pessoas que nada têm a ver com meu caráter, com o que penso, com o que vivo e sinto. São tantos costumes estúpidos, tantas baboseiras que nos ensinam, que acabamos desenvolvendo hábitos e mesmo vícios que ferem nossa essência, dos quais não abdicamos por que crescemos vendo todos fazerem igual.

Estar atento ao que é necessário desaprender é quase tão importante quanto desenvolver um olhar crítico e a capacidade de aprender. Ao longo de nossa passagem por este planeta, submersos na cultura, absorvemos besteiras demais para pensar que, bem adaptados aos devires culturais, teremos uma existência sadia. "Não vos espanteis se o mundo vos odeia", alertou-nos Jesus Cristo. O que denota bem que se nutrirmos uma posição passiva e submissa aos costumes e sensos-comuns, muito daquilo que há de mais precioso em cada vida será sufocado. Espíritos incautos, atolados na contingência e no absurdo serão os primeiros a nos repreender, esses bodes que seguem rumo ao matadouro. "Quer aparecer é?".

Por outro lado, ser "diferente" está na moda. O processo deve vir de longe, mas ficou mais evidente com os "filósofos" modernos (quando eu me referir a Nietzsche, Rossaeu, Voltaire e cia, irá sempre com aspas). Todos, hoje, parecem querer construir seu próprio ideenkleid, ou melhor, tentam viver livres de qualquer idéia ou conceito que não reconheçam como absolutamente seus. Jovens e adolescentes são mestres em manter esse posicionamento ingênuo, ensinados pela geração de super-homens nietzscheanos que promoveram duas sangrentas guerras mundiais no século passado. A exemplo destes, os jovens falam, pensam, se vestem e "digitaum" seus textos de forma cada vez mais parecida. Como bem observou Olavo de Carvalho, o "super-homem", ávido por idéias próprias e o "último-homem", totalmente passivo, pensados por Nietzsche, são exatamente a mesma pessoa. Não é a toa que o homem moderno, quanto mais libertário se diz, mais quer impor essa "liberdade" aos outros.

Portanto, parar de imitar a cultura vigente e as "novas tendências do pensamento contemporâneo", que aprisionam mais do que libertam, como tem sido percebido por muita gente intelectualmente honesta, faz muito bem a saúde. Precisamos desaprender muito do que nos têm sido ensinado desde a mais ingênua e tenra infância, em casa, na escola e "na rua". Sobre o que se ensina nas universidades então, nem se fala.

Desaprenda. Faça como Jesus, imite somente a Deus.

sexta-feira, 15 de julho de 2005

Verdades, sabedoria, conhecimento e crescimento

Já dizia Hermann Hesse: erudição é o saber dos outros. Erudição é boa. Mas trilhar o próprio caminho é imprescindível. Mais do que descobrir novas verdades, precisamos é aprender as antigas e buscá-las a cada dia. Ter conhecimento e ser sábio custa caro, mas está disponível a todos que tiverem um mínimo de coragem e humildade. Descobrir verdades pode machucar, pois elas sempre nos confrontam. Graças a Deus, verdades nunca vêm sozinhas, e uma completa o trabalho da outra. O que uma machuca, a outra cura. Logo, a alma fica cada vez mais fortalecida, pois a verdade que há pouco feriu, se aceita com honestidade, logo passa a ser mais um gerador de forças, mais uma baliza, mais uma revelação para a alma. Quem busca a Deus sabe do que estou falando.